quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Literatura Brasileira - Simbolismo

Já vimos que o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo foram movimentos literários que ocorreram na mesma época, que eles reagiam contra o sentimentalismo do Romantismo e que retratavam o mundo de modo real, observando-o e o descrevendo exatamente como ele é, sem emoção e sem sentimento. 

Simbolismo foi um movimento literário que reagiu contra essa forma científica de ver o mundo, resgatando um pouco a segunda fase do Romantismo (o Ultrarromantismo, o "mal do século"). Porém, os simbolistas foram mais profundos no aspecto metafísico: eles eram muito mais filosóficos. 

Características do Simbolismo: mergulho no "eu" (introspecção), emoção, universo metafísico e filosófico, misticismo, desejo de transcender o mundo e alcançar o "cosmos", pessimismo (interesse pela morte, pelo oculto, pelo mistério e pela noite), subjetivismo e decadência humana (retoma as características do Ultrarromantismo). Desse modo, eles viam a realidade do mundo de uma maneira mais metafísica, usando uma linguagem cheia de metáforas, de imagens, de símbolos (daí vem o nome "Simbolismo"), de elementos sinestésicos (mistura de sensações; exemplo: visão com olfato). 

Principais Autores: Cruz e Souza e Eugênio de Castro. 

Exemplo de texto simbolista:


Cavador do Infinito (Cruz e Souza)

Com a lâmpada do Sonho desce aflito 
E sobe aos mundos mais imponderáveis, 
Vai abafando as queixas implacáveis, 
Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito 
Sente, em redor, nos astros inefáveis. 
Cava nas fundas eras insondáveis 
O cavador do trágico Infinito.

E quanto mais pelo Infinito cava 
mais o Infinito se transforma em lava 
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho. 
E com o seu vulto pálido e tristonho 
Cava os abismos das eternas ânsias! 



Observe as metáforas ("lâmpada do Sonho", "cavador do trágico Infinito"), o "mergulho no Eu" (o poeta "mergulha em si mesmo", ou seja: ele mergulha no Infinito), o misticismo e o desejo de transcender a matéria ("e sobe aos mundos mais imponderáveis", "nos astros inefáveis") e o pessimismo ("e com o seu vulto pálido e tristinho", "cava os abismos das eternas ânsias"). O poeta se afunda em si próprio ("cava o Infinito") em busca do fundamento da existência humana (metafísica, filosofia) e se perde ("e o cavador se perde nas distâncias"). 

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