Já vimos que o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo foram
movimentos literários que ocorreram na mesma época, que eles reagiam contra o
sentimentalismo do Romantismo e que retratavam o mundo de modo real,
observando-o e o descrevendo exatamente como ele é, sem emoção e sem
sentimento.
O Simbolismo foi um movimento
literário que reagiu contra essa forma científica de ver o mundo, resgatando um
pouco a segunda fase do Romantismo (o Ultrarromantismo, o "mal do
século"). Porém, os simbolistas foram mais profundos no aspecto
metafísico: eles eram muito mais filosóficos.
Características do Simbolismo: mergulho no
"eu" (introspecção), emoção, universo metafísico e filosófico,
misticismo, desejo de transcender o mundo e alcançar o "cosmos",
pessimismo (interesse pela morte, pelo oculto, pelo mistério e pela noite),
subjetivismo e decadência humana (retoma as características do
Ultrarromantismo). Desse modo, eles viam a realidade do mundo de uma maneira
mais metafísica, usando uma linguagem cheia de metáforas, de imagens, de
símbolos (daí vem o nome "Simbolismo"), de elementos sinestésicos
(mistura de sensações; exemplo: visão com olfato).
Principais Autores: Cruz e Souza e Eugênio de Castro.
Exemplo de texto simbolista:
Cavador do Infinito (Cruz e Souza)
Com a lâmpada do Sonho desce
aflito
E sobe aos mundos mais
imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.
Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.
E quanto mais pelo Infinito cava
mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...
Alto levanta a lâmpada do
Sonho.
E com o seu vulto pálido e
tristonho
Cava os abismos das eternas
ânsias!
Observe as metáforas ("lâmpada
do Sonho", "cavador do trágico Infinito"), o "mergulho
no Eu" (o poeta "mergulha em si mesmo", ou seja: ele
mergulha no Infinito), o misticismo e o desejo de transcender
a matéria ("e sobe aos mundos mais imponderáveis", "nos
astros inefáveis") e o pessimismo ("e com o seu
vulto pálido e tristinho", "cava os abismos das eternas
ânsias"). O poeta se afunda em si próprio ("cava o Infinito") em
busca do fundamento da existência humana (metafísica, filosofia) e se perde
("e o cavador se perde nas distâncias").
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