segunda-feira, 20 de julho de 2015

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são usados para estruturar as frases escritas de forma lógica, a fim de que elas tenham significado. A pontuação é tão importante na linguagem escrita quanto a entonação,  os gestos, as pausas e até o tom de voz, são na linguagem oral. Bem empregados, os sinais de pontuação são um grande recurso expressivo:


"Oh! que doce era aquele sonhar...
               Quem me veio, ai de mim! despertar?"(A. Garret)


Mal colocados, no entanto, eles podem provocar confusão ou até mudar o sentido das frases:


Raquel não me respondeu. Quando a procurei, já era tarde.
Raquel não me respondeu quando a procurei. Já era tarde.


I. O ponto
O ponto (ou ponto final) é utilizado basicamente no final de uma frase declarativa: "Não sou poeta e estou sem assunto." (Fernando Sabino)
Alguns gramáticos chamam de ponto final apenas o ponto que encerra uma sentença. Ao ponto seguido por outras frases chamam de ponto simples. Além de finalizar um período, o ponto é utilizado em abreviaturas (ponto abreviativo: etc., h., S. Paulo) e é muito usado quando apenas uma vírgula bastaria. É um recurso estilístico: "Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara." (Graciliano Ramos)
Corintianos lotam o estádio. E rezam.

2. A vírgula
A vírgula, em seus vários usos, é fundamental para a correta entoação e interpretação da frase escrita. Como simples sinal de pausa, ela indica um tempo geralmente menor que o do ponto. Todo cuidado, porém, é pouco para que ela não seja empregada como sinal de pausa em situações equivocadas. Compare o ponto e a vírgula como sinal de pausa:
Era de noite, as janelas se fechavam.
Era de noite. As janelas se fechavam.

O emprego da vírgula
O uso da vírgula é basicamente regulado pela sintaxe. Assim, nem toda pausa é marcada por vírgula:
Seus grandes e valorosos serviços em prol da causa revolucionária de seu país foram tardiamente reconhecidos.
Na leitura em voz alta desse trecho, normalmente faríamos uma pausa após a palavra país. O uso da vírgula nesse caso, porém, é incorreto porque estaríamos separando o sujeito do verbo.
Como usar a vírgula
• Em enumerações, para separar os elementos que as compõem:
Machado de Assis foi contista, romancista, poeta, dramaturgo e crítico literário.
Nosso maior contista, romancista, poeta, dramaturgo e crítico literário foi Machado de Assis. (geralmente, o último termo da enumeração vem separado pela conjunção e)
• Em intercalações, quando palavras ou expressões se interpõem entre o sujeito e o verbo; entre o verbo e seus complementos (objetos) ou entre verbo e predicativo:
Os funcionários, a pedido do diretor,alteraram o horário.
sujeito verbo: Os funcionários alteraram, a pedido do diretor,o horário.
verbo objeto: Os funcionários estavam, porém,conscientes de seus direitos.
verbo predicado (Atenção: quando se trata da intercalação de uma expressão curta, pode-se omitir a vírgula):
Os funcionários alteraram imediatamente o horário da semana.
As crianças comem brincando uma lata de sorvete!
• Para separar adjunto adverbial, sempre que ele seja extenso ou quando se quer destacá-lo:


Depois de inúmeras tentativas, desistiu.
Escove os dentes,sempre, e diga adeus às cáries!


• Para isolar o predicativo quando não for antecedido por verbo de ligação:
Furioso, levantou-se.


• Para isolar aposto:
A minha avó, Maria, era suíça.

• Para isolar o vocativo:
Estamos de férias, pessoal !

• Para marcar elipse do verbo:
Sua palavra é a verdade; a minha, a lei.


• Para separar orações coordenadas, exceto as iniciadas pela conjunção e:
"Sei que ele andou falando em castigo,mas ninguém se impressionou." (José J. Veiga)
"Quis retroceder, agarrou-se a um armário, cambaleou resistindo ainda e estendeu os braços até a coluna." (Lygia Fagundes Telles)
Atenção: muitas vezes usa-se a vírgula antes de e, principalmente quando liga orações com sujeitos distintos:
"Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali." (Graciliano Ramos)
Para dar ênfase, marcando uma pausa maior: "Disse, e fitou Don'Ana e sorriu para ela." (Jorge Amado)
Quando forma um polissíndeto: Levanta, e senta, e vira, e torna a se levantar.
• Para isolar orações adjetivas explicativas: Minha avó,que era francesa, não tolerava grosserias.
• Para separar as orações adverbiais e substantivas quando antecedem a oração Principal:
"Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado." (Manuel Bandeira)
Como Cassiano chegou a prefeito, ninguém soube.
Atenção: quando pospostas à oração principal, as orações substantivas, com exceção da apositiva, não vêm separadas por vírgulas: Ninguém soube como Cassiano chegou a prefeito.
As orações adverbiais pospostas à principal geralmente se separam por vírgula, nem Sempre obrigatória: A chuva não veio,embora todos a esperassem.
As mesmas regras que valem para as orações desenvolvidas valem para as reduzidas: "Para erguer-se, foi necessária a ajuda do carcereiro." (Murilo Rubião)

3.Ponto-e-vírgula
O ponto-e-vírgula é usado basicamente quando se quer dar à frase a pausa e a entoação equivalentes ao ponto, mas não se quer encerrar o período:
"A alma exterior daquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer." (Machado de Assis)
• O ponto-e-vírgula também é utilizado para separar itens de uma enumeração:


O plano prevê:
a) internações;
b) exames médicos;
c) consultas com médicos credenciados.


4. Dois-pontos
Usam-se os dois-pontos, geralmente:
• Para introduzir uma explicação, um esclarecimento: "Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora,outra que olha de fora para dentro..." (Machado de Assis)
• Para introduzir uma citação ou a fala do personagem:
O avô costuma resmungar: "Quem sai aos seus, não degenera..."

5. Interrogação e exclamação
• O ponto de interrogação marca o fim de uma frase interrogativa direta: Quem te deu licença?
• O ponto de exclamação marca o fim de frases optativas, imperativas ou exclamativas: Como era lindo o meu país!

6. Reticências
As reticências interrompem a frase, marcando uma pausa longa, com entoação descendente. São usadas basicamente:
• Para indicar uma hesitação, uma incerteza ou mesmo um prolongamento da idéia:
"Há um roer ali perto... Que é que estarão comendo?" (Dionélio Machado)
• Para sugerir ironia ou malícia:
"— Se ele até deixou a mulher que tinha, Sinhô.
É um fato. Estou bem informado... — e ria para João Magalhães, lembrando Margot." (Jorge Amado)

7. Aspas
As aspas são usadas para assinalar citações textuais e para indicar que um termo é gíria, estrangeirismo ou que está sendo usado em sentido figurado:
O presidente afirmou em seu discurso: "Toda corrupção será combatida!"
Minha turma é "fissurada" nessa música.

8. Travessão e parênteses
São usados para esclarecer o significado de um termo:
Granada — último refúgio dos árabes — foi conquistada em 1492.
Granada (último refúgio dos árabes) foi conquistada em 1492.
Os dois sinais têm basicamente a mesma função, a diferença entre os dois está na entonação, mais pausada no caso do travessão, além do caráter estilístico, mais objetivo no caso dos parênteses.
• Intercalar reflexões e comentários à seqüência da frase:
Mas agora — pela centésima vez o pensava — não podia admitir aquelas mesquinharias.
• O travessão também é usado em diálogos para marcar mudança de interlocutor:
"— Peri sente uma coisa.
— O quê?
— Não ter contas mais bonitas do que estas para dar-te." (José de Alencar)

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